Camaçari receberá unidade que produzira modelos de até R$ 40 mil
Igor Thomaz, de Camaçari (BA)
Planta da futura fábrica da JAC Motors em Camaçari, Bahia
“É um marco importante para a indústria automobilística brasileira, pois será a primeira montadora de automóveis de grande volume do Brasil, que produzirá modelos abaixo de R$ 40 mil, com controle totalmente nacional”, comenta Habib, acionista do Grupo SHC e presidente da JAC Motors Brasil. Segundo o empresário, a fábrica iniciará suas atividades em 2014 com capacidade para produzir 100 mil unidades por ano, em dois turnos. Além disso, a empreitada deverá criar 13,5 mil novos empregos – sendo 3,5 mil diretos.
Novo carro
O modelo que será produzido no país está sendo projetado no centro de desenho que a JAC Motors possui em Turim, na Itália. O veículo será oferecido nas versões hatch e sedan, com opções de motores 1.4 VVT, do J3, e 1.5, ambos flex. “Faremos um carro novo, estamos prevendo que os primeiros modelos sairão da linha de produção em março de 2014”.
Durante a coletiva de imprensa, Habib comentou que está trabalhando nesse projeto há cerca de um ano.
A escolha por Camaçari, segundo o empresário, não se deu apenas por conta de incentivos. “Temos uma casa em Trancoso, no sul da Bahia, onde o Instituto SHC atua com projetos para dar assistência a crianças carentes. Nossa ligação com o estado é, antes de tudo, afetiva, o que pesou na escolha por Camaçari”. O empresário aproveitou o evento para apresentar uma orquestra formada por crianças ligadas ao instituto.
Também feliz pela escolha da cidade baiana, o governador Jacques Wagner festejou o anúncio do novo empreendimento. “A fábrica vai trazer uma nova marca para a Bahia, e também a energia e o vigor do Sérgio, a quem conheço há pouco tempo. Tivemos uma conversa muito franca há alguns meses e dali em diante as negociações começaram a caminhar”. Wagner classificou o anúncio como um presente. “Estamos trabalhando para atrair mais empresas, para consolidar o polo automotivo no estado e a chegada da JAC Motors, além da Ford, é muito importante para o desenvolvimento local. Será um sucesso aqui e em todo o país”, comentou o governador.
Sergio Habib, presidente da JAC Motors Brasil, assina documento que oficializa instalação da fábrica
Cairong lembrou que a China já é o maior parceiro do Brasil em investimentos e obsevou que o Grupo SHC, maior distribuidor de automóveis do Brasil, gera muita confiabilidade para a matriz, que tem mais de 40 anos de história produzindo ônibus, automóveis, SUVs e utilitários. “Na China, vamos produzir e vender mais de 500 mil unidades de veículos, exportando 66 mil unidades desse total. E estamos muito contentes com as conquistas da JAC Motors no Brasil. É uma emoção única ver os brasileiros dirigindo nossos carros. Esse sucesso prova que a parceria terá longa história, que proporcionará empregos para os brasileiros. A JAC Motors será brasileira e temos muito orgulho disso”.
Escolha e mercado
Responsável pela chegada da marca Citroën no País e pela importação de modelos sofisticados, como os Aston Martin, o Grupo SHC já conta com mais de 90 revendas, mais de cinco mil colaboradores e estima encerrar o ano com mais de 70 mil carros vendidos – considerando todas as marcas que representa. Com um faro apurado para negócios, Sérgio Habib, premiado por Auto Esporte como Empresário do Ano, disse que escolheu trabalhar com a JAC Motors por ser uma empresa muito aberta ao exterior.
“Eles possuem um centro de desenvolvimento e pesquisa em Turim, o que nenhuma outra marca chinesa tem. Além disso, a montadora conta com um centro de estilo em Tóquio, onde o interior dos carros é desenvolvido. As fábricas da JAC são muito modernas, robotizadas, e seus produtos estão adaptados ao gosto do consumidor brasileiro. São carros confiáveis. Rodamos dois milhões de quilômetros com o J3 na fase de testes”.
O empresário acredita que há espaço para todas as marcas, ainda mais com a previsão de continuidade do crescimento do mercado nacional para os próximos anos. “Em oito anos, nosso mercado era menor que o espanhol. Hoje ele é maior que o alemão. Somos o quarto mercado do mundo. Cinco milhões de pessoas que andavam a pé no país estão comprando carros. Em Salvador, o mercado triplicou de 1998 até os dias de hoje”.
Atento a essa tendência, Habib lembrou que as vendas de veículos no nordeste ainda tem muito a crescer porque a renda dos trabalhadores locais ainda é baixa. “O mercado de São Paulo é de 34 mil carros por mês. Lá existe um carro para cada dois habitantes. Não cresce mais. Seu peso era de 21% do mercado em 1998, mas hoje é de apenas 11%.” Segundo Habib, isso ocorre justamente porque as outras regiões do país estão crescendo muito. “Salvador, com um mercado de 6,5 mil carros mês, representa metade do que é vendido em toda a Colômbia. E vai continuar crescendo. O mercado da cidade saltará para 14 mil carros ao mês nos próximos anos”.
Para abocanhar uma boa fatia desse porcentual, o empresário pretende ter uma fábrica completa. Para isso, a produção local também ganhará o reforço de outras áreas importantes, como um centro de desenvolvimento de novas tecnologias, centro de estilo e design (que poderá contar com 50 profissionais), laboratórios de acústica e controle de emissão de poluentes, pista de testes e centro de capacitação profissional, além das tradicionais etapas de produção, como armação de carrocerias, soldagem, pintura e montagem final. As fases de estamparia de componentes e produção de motores estão previstas para começar a operar nos próximos anos.
Fonte: Autonews
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