Para José Goldemberg, demanda mundial pode triplicar até 2020.
Ele cobrou mais iniciativas para reduzir poluentes por parte das montadoras.A tecnologia brasileira atual para biocombustíveis é suficiente para que o Brasil triplique sua produção e domine o mercado nos próximos dez anos, estimou nesta terça-feira (7) o físico José Goldemberg, professor da Universidade de São Paulo (USP) e ex-ministro do Meio Ambiente.
“Há uma janela de oportunidade. Com a tecnologia atual, que vai bastante bem, o Brasil pode dobrar ou triplicar sua produção. Durante os próximos dez anos, o Brasil está tão na frente que domina o mercado nos próximos dez anos”, avalia.
De acordo com Goldemberg, os 200 milhões em volume de etanol em 2020 seriam suficientes para substituir ainda 20% do 1 trilhão de litros da gasolina prevista para ser consumida no mundo por ano até 2020 e até 7% de todo o petróleo. “Um terço da energia do mundo é usada para transporte, principalmente em carros, e praticamente toda ela vem do petróleo”, destacou.
Mais pressão
Na opinião do ex-ministro, faltam políticas mandatórias para que o setor privado reduza as emissões de gás carbônico na atmosfera. Para o pesquisador, o setor automotivo brasileiro está “confortável” e poderia agir mais para melhorar a eficiência energética dos motores, se fosse mais cobrado pelo poder público.
“Falta mais pressão sobre a indústria automotiva, que de modo geral, tem vantagens grandes”, afirmou Goldemberg após sua apresentação no Ethanol Summit 2011.
Para Goldemberg, o caminho seria buscar modelos similares ao que foi adotado em São Paulo, onde a redução de 20% suas emissões de gás carbônico (CO2) até 2020 é prevista em lei.
Contrapartida
Como exemplo de postura mais rígida que poderia ter sido adotada pelo governo, o pesquisador citou a desoneração do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) sobre os automóveis realizada a partir do final de 2008 para conter os efeitos da crise e estimular as vendas. “O governo desperdiçou uma extraordinária oportunidade, devia ter exigido que a redução do IPI fosse acompanhada de uma melhoria de eficiência energética em contrapartida”, analisa ele, que destaca que a eficiência dos veículos brasileiros é bem menor se comparada com a de outros países, como os EUA.
Na opinião de Goldemberg, são os usineiros e pesquisadores que têm liderado o avanço do setor de combustíveis no país, e não as montadoras, que estão “confortáveis”, segundo ele. ”Os usineiros em SP foram os motores do desenvolvimento. Durante 30 anos, a produtividade do etanol de cana-de-açúcar cresceu 3% ao ano. Ninguém cresce tanto assim, a não ser bebês”, disse durante debate no evento.
Investimentos 'enormes'
De acordo com o presidente da Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea), Cledorvino Belini, que participou de debate com Goldemberg, as montadoras dedicam investimentos “enormes” à melhoria da eficiência energética em avanços tecnológicos a serem aplicados já no curto prazo.
Na avaliação de Belini, a tecnologia atual atende às necessidades do mercado brasileiro no curto prazo. “Montadoras estão investindo muito na inovação e tecnologia para melhorar a eficiência de seus veículos”, afirmou Bellini, ao deixar o Ethanol Summit.
Segundo o presidente da Anfavea, há atualmente uma frota de 15 milhões de veículos flex fuel no Brasil, e a previsão é de que em 2017 o etanol responda por 31,4% da matriz de combustíveis brasileira, contra 12,8% da gasolina. Em 2008, a gasolina respondia por 25,6% e o etanol por 17,9%.
Fonte: Autoesporte
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