NOVA LEI SECA PEGA BOMBOM DE CONHAQUE E OUTROS PRODUTOS COM ÁLCOOL?
Autoesporte fez o teste: depois de pelo menos dez minutos, nenhum item oferece risco
Autoesporte reuniu alguns desses produtos que são usados no dia-a-dia, como os de higiene oral, aerossol de mel com própolis, floral de Bach e bombom de conhaque. Munidos com um bafômetro calibrado, fizemos testes. E em todos os casos o resultado revela que deixar de usar esses produtos é exagero.
É verdade que, imediatamente e a até cinco minutos após o uso desses produtos, o nível de álcool presente no hálito até supera a "tolerância" prevista por lei, de 0,05 mg/l. Mas basta esperar mais alguns minutos para que o efeito passe, e isso sem comer nada. Christian Sirauti, médico do trabalho, afirma que o álcool de produtos não ingeridos evapora com rapidez. “Ficam poucas partículas no sangue, doses insuficientes para serem reveladas no bafômetro depois de algum tempo.”
O médico Roberto Douglas, diretor executivo pleno da Associação Brasileira de Medicina de Tráfego (Abramet), reforça que os condutores não devem ficar assustados. "O bafômetro tem possibilidade de pegar o álcool desses produtos. Mas em pouco tempo isso some, porque não está na circulação nem no ar do pulmão. O ar alveolar não é confundido com o da boca", explica.
Para evitar distorções no uso do etilômetro, a polícia também adota precauções. De acordo com o capitão Paulo Oliveira, chefe do setor operacional do Comando de Policiamento de Trânsito (CPTran) de São Paulo, antes de submeter o condutor ao teste, o agente o questiona a respeito da ingestão de algum produto que contenha álcool. "Já aconteceu de alegarem, por exemplo, o uso de antisséptico bucal. Em casos assim, pedimos para que o cidadão espere um pouco, beba água e faça bocejos, que tiram o ar que está na boca. Assim, quando soprar, ele expirará o ar que está nos pulmões, que é o que nos interessa. Depois disso, quando não se trata de álcool ingerido, o resultado é 0,0 mg/l, como atestamos em várias simulações", garante.
Cabe ressaltar, ainda, que a presença de álcool no corpo varia de pessoa para pessoa. Portanto, para saber dos riscos das substâncias analisadas, Autoesporte usou voluntários (leia-se, repórteres) com perfis diferentes no teste: um homem e uma mulher. Ambos consumiram os mesmos produtos a fim de mostrar suas reações, lembrando os pesos e alturas são diferentes: Fabricio, 1,78 m e peso 77 kg; Renata, 1,62 m e 48 kg.
Caso você seja "delatado" pelo bafômetro na blitz, pode pedir para o policial ou agente repetir a medição alguns minutos depois. Mas fique atento, um segundo teste de bafômetro não é tão frequente, admite Oliveira. "Até porque, normalmente, as pessoas já se antecipam para justificar o possível flagra", diz.
Para tirar a prova final, Fabrício ainda comeu um bombom que restou, espirrou mel com própolis e tomou o floral de Bach. Com gosto ruim que ficou, ainda bochechou com o antisséptico bucal. Ao assoprar o bafômetro, o resultado foi de incrível 1,25 mg/l de álcool. Cinco minutos depois o valor caiu para 0,2 mg/l. Mais dois minutos e o nível de álcool já era de 0,08 mg/l. Passado mais algum tempo, mesmo consumindo tudo, ele já estava "liberado" para dirigir. Ainda assim, Paulo Oliveira faz uma advertência para o caso de alimentos: "Dependendo do estado da pessoa, do nível de concentração de álcool no produto ingerido e da quantidade de bombons, por exemplo, o bafômetro pode pegar, porque o motorista comeu e a substância foi para o organismo. Aí, não tem escapatória", conclui.
Fonte: Autoesporte
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