Veículos mexicanos têm feito sucesso, mas podem micar com rompimento
Diogo de Oliveira
Governo brasileiro pode romper em breve acordo com México que isenta taxa de importação
Na quarta-feira (1º), a colunista Sonia Racy, do jornal O Estado de São Paulo, noticiou que o governo brasileiro deve romper o acordo que mantém com os mexicanos, que isenta os veículos da taxa de importação – hoje correspondente a uma tarifa de 35% (leia aqui). E nesta quinta-feira (2), a Anfavea (Associação Brasileira das Fabricantes de Veículos) pronunciou-se a favor da manutenção do acordo, sugerindo ajustes.
Em nota oficial, a associação das montadoras se posicionou contra o rompimento do acordo, e defendeu a flexbilidade das regras. “Acordos internacionais de comércio, a exemplo do Brasil-México, são dinâmicos e podem ser atualizados, ampliados e/ou ajustados em sua abrangência e condições”, afirmou. Só que uma reportagem do jornal Valor Econômico, publicada também nesta quinta, deu como certa a anulação do tratado.
O compacto Nissan March chegou ao Brasil em outubro passado e, em janeiro, foi o mexicano mais vendido
O Acordo Brasil-México foi assinado em 2000 e, desde então, os modelos mexicanos desembarcam no Brasil como se fossem nacionais, sem pagar a taxa de importação. No início, como o volume de veículos que chegava era pequeno, a balança era “azul”. Mas nos últimos tempos, os modelos mexicanos estão mais competitivos. São, em maioria, produtos mais modernos que os nacionais e com preços equivalentes
Além disso, os carros fabricados no México também estão isentos do recente aumento do IPI (Imposto sobre Produtos Industrializados) para importados (leia aqui). E os resultados estão nos números de vendas: alguns dos veículos trazidos do país latino estão fazendo sucesso. O destaque de janeiro foi o Honda CR-V, utilitário esportivo mais vendido do país no mês com 2.310 unidades – superou Ford EcoSport e Renault Duster.
Outro que vem ganhando terreno é o sedã médio Volkswagen Jetta, que somou 2.094 unidades em janeiro e é o terceiro modelo mais emplacado do segmento. O pequeno Fiat 500 também se deu bem após trocar a nacionalidade polonesa pela mexicana. Em janeiro foram 1.131 entregas, volume pouco maior que a média de 1.000 unidades mantida pelo Ford New Fiesta hatch desde o seu lançamento, em outubro de 2011.
O mexicano Honda CR-V surpreendeu em janeiro e foi o utilitário esportivo mais vendido do Brasil no mês
Quem deve estar sem dormir nesses últimos dias são os executivos da Nissan. De todas as montadoras presentes no Brasil, a japonesa é a que mais depende das fábricas mexicanas para vender carros por aqui. Cinco modelos vêm do país, entre eles o hatch compacto March, que somou 2.555 unidades em janeiro e foi o mexicano mais vendido. Aliás, no primeiro mês do ano a Nissan conseguiu uma inédita 6º colocação nas vendas.
O sucesso de alguns modelos produzidos no México no Brasil é algo novo, um dos precursores das boas vendas foi o sedã médio-grande Ford Fusion, vendido no Brasil desde 2006 a preços emparelhados com os das versões tops dos sedãs médios – especialmente os japoneses Honda Civic e Toyota Corolla. Essa facilidade logística, inclusive, tem contribuído para a migração de montadoras ao país latinoamericano.
Nos últimos meses, diversas empresas anunciaram a construção de novas fábricas e a ampliação das já existentes no país. Como o México é vizinho dos Estados Unidos, segundo maior mercado de carros do mundo, as montadoras planejam produzir modelos mais sofisticados lá e vendê-los no mercado norte-americano e no Mercosul (beneficiadas pela isenção fiscal). Assim, as fábricas brasileiras seguiriam com produtos populares.
GM planeja produzir o compacto Sonic no México; modelo vem da Coreia do Sul ao Brasil nos próximos meses
O acordo comercial tornou-se tão atraente que, para os próximos anos (caso este seja mantido) estão previstos lançamentos de diversos modelos mexicanos no Brasil. A General Motors, por exemplo, pretende produzir o compacto Sonic por lá. Já a japonesa Mazda confirmou seu retorno ao mercado brasileiro com dois modelos (leia aqui). E a Audi está prestes a anunciar a construção de uma fábrica por lá (leia mais).
Veja a lista dos mexicanos vendidos atualmente no Brasil e quanto cada um emplacou em janeiro:
Dodge Journey – 103 unidades
Fiat 500 – 1.131 unidades
Fiat Freemont – 477 unidades
Ford New Fiesta hatch – 1.000 unidades
Ford New Fiesta sedã – 931 unidades
Ford Fusion – 486 unidades
Honda CR-V – 2.310 unidades
Nissan March – 2.555 unidades
Nissan Versa – 1.581 unidades
Nissan Sentra – 859 unidades
Nissan Tiida – 831 unidades
Nissan Tiida sedã – 393 unidades
Volkswagen Jetta – 2.094 unidades
Volkswagen Jetta Variant – 111 unidades
Total: 14.862 unidades importadas
Fonte: Autonews
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