O carro que correspondeu ao pedido de Jellineck não ganhou a primeira corrida em que participou, mas ficou como um marco na história do automobilismo, Com este modelo os carros passaram do século XIX para o século XX.
Projetado por Wilhelm Maybach, o primeiro Mercedes apresentava numerosas inovações radicais e pode ser hoje considerado o verdadeiro precursor do carro moderno, O seu chassi era de aço prensado e o motor, instalado à frente do compartimento destinado aos ocupantes do veículo, estava coberto por um capô característico. O Mercedes de 1901 assemelhava-se ao carro atual, apresentando linhas que outros fabricantes cedo reconheceram como muito favoráveis às vendas. Os capôs tiveram tal procura que alguns dos fabricantes que ainda utilizavam motores horizontais montados na parte central dos automóveis tiveram de instalar falsos capôs na frente dos seus carros para lhes conferir um aspecto moderno. Técnica e esteticamente os carros haviam ultrapassado a época da carruagem, que, durante dezoito anos, condicionara as suas linhas e concepção.
Nos primeiros carros, bastante altos, o motorista e os passageiros viajavam como que empoleirados num monte de engrenagens, com pouca carroçaria à sua volta.
Duas razões justificavam esta concepção do carro. Em primeiro lugar, ninguém tentara ainda baixar as suas peças mecânicas, que, devido à distância excepcionalmente curta entre os eixos, ficavam amontoadas sob os assentos. Mesmo quando os veículos se tornaram mais compridos e o motor foi afastado do compartimento destinado aos ocupantes, os projetistas não puderam ainda conceber os seus carro à volta da suspensão e transmissão enquanto não foi descoberto um processo de tornar estes sistemas mais compactos.
As grandes dimensões das rodas, que apresentavam por vezes mais de l m de diâmetro, explicam igualmente o fato de os primeiros carros serem mais altos que os atuais. Estas grandes rodas, de dimensões semelhantes às das carruagens, destinavam-se a proteger o veículo, afastando as suas estruturas da superfície acidentada das más estradas de então.
As estradas em mau estado contribuíram para a invenção do pneu. Este, porém, surgiu prematuramente, já que, quando do seu aperfeiçoamento, não havia carros aos quais pudesse ser adaptado. O pneu inflável, embora tenha sido inventado em 1845 pelo escocês Robert William Thomson, foi utilizado apenas passados quarenta e três anos. Foi então que John Boyd Dunlop, outro escocês, registou a patente de um pneu que inventara com o intuito de tornar mais cómoda a bicicleta do seu filho, de dez anos.
A adaptação do pneu ao carro foi outra contribuição francesa que se deve a Edouard Michelin, que usou um jogo de pneus criado por ele próprio na corrida Paris-Bordéus, em 1895.
A princípio, os pneus foram adotados pelos fabricantes de carros para proporcionar maior conforto e reduzir a dureza resultante da utilização de molas rijas. A medida que as velocidades aumentavam, aumentava também o perigo de derrapagem, pelo que a banda de rodagem do pneu foram acrescentados dispositivos, como revestimentos destacáveis de couro, que apresentavam tachas salientes de aço.
A evolução dos freios
O aumento da velocidade dos carros teve como consequência a necessidade de melhores freios. Os primeiros carros apresentavam freios simples do tipo dos utilizados em carruagens ou bicicletas, atuando ou nas jantes das rodas traseiras ou sobre o veio de transmissão. Os calços, ou guarnições peças fabricadas com materiais de fricção, eram geralmente de couro, madeira ou metal, ou pêlo de camelo.
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