Para retaliar Argentina, Brasil dificulta importação de carros e autopeças de todos os países.
Depois de várias tentativas de acordo, o governo brasileiro decidiu retaliar a Argentina, como reação à retenção de mercadorias brasileiras nas alfândegas do país vizinho. Desde terça-feira, autopeças e carros prontos estão sujeitos a licenciamento não-automático para entrar no Brasil. A barreira foi colocada para atingir a Argentina, mas, como tem formato de salvaguarda, vale para todos os países que vendem ao Brasil - caso contrário, pode ser considerada discrimatória pelas leis internacionais. A medida impõe custos aos importadores e torna menos atraente a compra no exterior.
Como foi tirada a licença automática, o desembaraço das mercadorias, que era imediato ao chegar aos portos, pode durar até 60 dias.
A medida, divulgada pelo jornal "Valor" nesta quinta-feira, ataca 39% das exportações argentinas para o mercado brasileiro. Como efeito colateral, o Brasil poderá frear as crescentes importações de carros, inclusive da China.
A Argentina vive um período pré-eleitoral, e a leitura que se faz é que o governo local passou a barrar os produtos brasileiros para tentar atenuar a fragilidade econômica da indústria local. Com essa medida, o governo Dilma dá um sinal de mudança de tom - afirmou outro executivo do setor. Mais medidas na manga Brasil e Argentina vivem seu pior momento, após anos de trégua. Na semana passada, com as queixas crescentes dos empresários nacionais, o governo brasileiro decidiu responder "à altura, na mesma moeda", a medidas unilaterais do país vizinho, principal parceiro de Mercosul.
A imposição de dificuldades para o ingresso e a comercialização de produtos argentinos no mercado brasileiro era a primeira retaliação da lista e se concretizou com a aplicação da salvaguarda contra automóveis. Mas constam ainda do cardápio a suspensão de negociações sobre investimentos brasileiros no país vizinho e até recurso à Organização Mundial do Comércio (OMC).
O Palácio do Planalto e o Itamaraty estavam irritados com o fato de as autoridades sanitárias argentinas terem passado a dificultar o desembaraço de mercadorias do Brasil, causando prejuízos milionários às indústrias nacionais de massas, balas e chocolates, que acabam tendo seus contratos cancelados, por causa da demora na emissão de certificados sanitários.
Para piorar o péssimo clima entre Brasília e Buenos Aires, o governo argentino simplesmente não cumpriu o prazo de 60 dias, que terminou no dia 3 de maio, para regularizar a liberação de cerca de 200 produtos que perderam a licença automática ao entrar na Argentina.
Do ponto de vista global, a balança comercial automotiva (veículos e autopeças) brasileira sofreu forte deterioração em curto espaço de tempo: até 2008, chegou a ser superavitária em US$ 10 bilhões por ano, mas em 2010 registrou déficit de US$ 6 bilhões. Em 2005, a exportação de veículos representava 30% da produção nacional. Hoje, o percentual baixou para 13% a 14%.
Ao mesmo tempo, as importações, que em 2005 representavam 5% do mercado, hoje representam 22% do mercado. Este ano, a estimativa do mercado é que sejam encomendados do exterior cerca de 800 mil veículos. Registros no Sistema Integrado de Comércio Exterior (Siscomex) apontam que as importações globais de automóveis, nos três primeiros meses de 2011, cresceram 49,8% em relação ao primeiro trimestre de 2010. Na mesma base de comparação, as exportações caíram 10,9%.
Fonte: Jornal O GLOBO
Quem comprou carros importados (exemplo Ford Focus)e precisar de peças para reposição vai ficar esperando até quando? As concessionárias continuam vendendo como se nada estivesse acontecendo... Como vão ficar as revisões programadas e as trocas por causa de sinistros? É o jeito PT de governar...deixa o problema ficar bem GRANDE (22% dos veículos hoje têm origem fora do Brasil) para DEPOIS tentar resolver. O governo já deveria ter feito isto quando esta tendência de crescimento estava no começo.
ResponderExcluirConcordo plenamente com você e fico grato pelo comentário.
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