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24 maio 2011

Na onda verde


Marcas se empenham na construção de veículos mais limpos para incrementar a indústria e reforçar marketing ecológico.

Manutenção


O futuro da mobilidade nunca esteve tão em pauta. Isso se torna ainda mais visível quando nos motorshows mundiais, praticamente todas as novidades das marcas estão relacionadas ou possuem variantes com tecnologias ecologicamente corretas. E um novo caminho menos poluente aponta para os modelos elétricos e híbridos. Para se ter uma ideia, a Agência Ambiental Europeia aposta que esses veículos corresponderão a 60% das vendas em 2050. Em uma realidade mais próxima, a previsão é que 16% dos veículos das megalópoles sejam elétricos ou híbridos já em 2015 – atualmente eles contabilizam quase 3 milhões de unidades no mundo. "A eletrificação é o caminho e também a resposta mais viável para o futuro da indústria automobilística de maneira sustentável", reforça Klaus Mello, gerente de engenharia de veículos da Ford. "Construir modelos 'verdes' é um desafio e uma maneira de renovar a indústria automotiva", confirma Robert Lutz, vice-presidente mundial da General Motors.

Com algumas ofertas no mercado, as grandes fabricantes tentam chamar a atenção do consumidor para modelos mais eficientes. Os automóveis chamados popularmente de "verdes" podem ser híbridos, elétricos ou movidos por célula de hidrogênio.
E a primeira fase, chamada por alguns especialistas de "adaptativa", surge com a inicial popularização dos híbridos. A aposta de associar um motor a combustão a outro elétrico fez surgir tais veículos. Nessa tecnologia, o propulsor elétrico pode trabalhar de maneira isolada, fazendo mover o veículo em baixas velocidades e nas arrancadas – onde mais se gasta combustível fóssil – ou atuar em conjunto com a unidade motora a combustão, no ganho de potência extra. E um dos maiores trunfos é não depender de uma recarga externa. Na grande maioria dos casos, o próprio motor a gasolina é capaz de recarregar as baterias de íons de lítio, ou ainda a energia de desaceleração dá conta de fornecer carga para as baterias. Há ainda os chamados Plug-in, que podem ser carregados em uma tomada convencional de 220V.

No Brasil, os híbridos disponíveis até o momento são o Ford Fusion Hybrid e o Mercedes-Benz S400 Hybrid. E a BMW já confirmou a chegada do Série 7 Active Hybrid no primeiro semestre, assim como a Porsche vai comercializar o Cayenne S Hybrid até o início do ano que vem. "Acredito que o híbrido seja uma primeira tentativa de testar o mercado. E os híbridos chegam como uma das maiores tendências de eletrificação", aposta Ronaldo Marazá Junior, coordenador da comissão técnica de veículos híbridos e elétricos da SAE - Sociedade dos Engenheiros da Mobilidade. "A vantagem do veículo híbrido é ser uma tecnologia que não exige adaptação por parte do consumidor. Não necessita de carga em uma tomada. E ainda é um modelo com eficiência energética que não deixa de abrir mão da performance", defende Klaus Mello.

Já na tecnologia 100% elétrica, como o nome já sugere, o modelo não tem a ajuda de qualquer propulsor a combustão. Ele conta, geralmente, com um motor elétrico – um em cada roda, ou ainda um em cada eixo –, que é movido por um motor central que direciona a energia armazenada nas baterias, carregadas através de uma tomada. E a principal vantagem é a emissão zero de poluentes na atmosfera. Mitsubishi e Nissan são umas das últimas montadoras a lançar no mercado mundial veículos movidos por motor elétrico, o i-MiEV e o Leaf, já produzidos em série – o i-MiEV, uma parceria com a PSA Peugeot Citroën que originou também o recém-lançado Ion e o C-Zero. "Enxergamos a possibilidade de o elétrico atender a uma demanda urbana. Uma restrição dessa tecnologia é em relação a autonomia, ainda limitada", pontua Reinaldo Muratori, diretor de planejamento e engenharia da Mitsubishi. "Para a Nissan, emissão zero não é comparável com tecnologias tradicionais ou híbridas: zero significa zero. Por isso, a aposta no Leaf", afirma Murilo Moreno, diretor de marketing da Nissan.

Outras marcas vão ainda mais longe em termos de desenvolvimento de veículos verdes. É o caso da Honda, única a produzir um modelo em série que utiliza hidrogênio e eletricidade para se mover, emitindo apenas vapor d'água. Funciona quando a energia elétrica é gerada através de um processo eletro-químico no qual a energia do hidrogênio é transformada diretamente em eletricidade. Dessa forma, a energia produzida alimenta o motor elétrico e recarrega as baterias. A frenagem regenerativa também pode atuar, transformando a energia cinética do veículo em força armazenada na bateria. Um exemplo é o FCX Clarity, que já é comercializado de forma experimental na Califórnia. "Quando se pensa em veículos elétricos e híbridos ou a hidrogênio é importante ressaltar que tais tecnologias podem ser possíveis não só em automóveis, mas também em ônibus, caminhões e furgões. A mobilidade tem de ser priorizada e, se pode estar aliada ao meio ambiente, melhor ainda", completa Pietro Erber, diretor-presidente da Associação Brasileira de Veículos Elétricos – ABVE.

Instantâneas
# As grandes empresas automotivas começam a investir em parcerias com fabricantes de baterias. A Volkswagen fechou contrato com a coreana Sanyo, o grupo Renault-Nissan se associou à NEC, enquanto a Toyota tem uma parceria com a Matsushita Electric e ainda é dona de 60% da Panasonic EV Energia.

# A PSA Peugeot Citroën acredita que 4,5% dos automóveis vendidos na Europa em 2020 serão movidos a eletricidade.

# O primeiro carro híbrido da história foi criação de Ferdinand Porsche. O modelo, chamado Mixte, possuia dois ou quatro motores elétricos montados nas rodas e um motor a gasolina. A máxima alcançada era de 50 km/h, enquanto a autonomia era de 50 km.

# A Toyota já anunciou que pagará cerca de US$ 200, aproximadamente R$ 335, aos proprietários que retornarem as baterias velhas de seus veículos a uma concessionária da marca japonesa. A intenção é mandar os cascos dos conjuntos para a reciclagem.

Principais veículos verdes já mostrados
Audi
# Q5 Hybrid – O modelo revelado no Salão de Los Angeles, nos Estados Unidos, é o primeiro híbrido que será vendido nas concessionárias da Audi. Utiliza uma combinação do motor 2.0 litros de quatro cilindros de injeção direta turbo, que produz 208 cv, com um de propulsão elétrica de 44 cv, alimentado por uma bateria de íons de lítio localizado no piso do bagageiro. Por si só, a unidade elétrica é capaz de levar o Q5 Hybrid até uma velocidade de 100 km/h, mas apenas em trechos de até 3 km.

# A6 Hybrid – Mostrado recentemente no Salão de Detroit, o sedã é movido pelo motor 2.0 TFSI de 211 cv em conjunto com um propulsor elétrico de 45 cv e 21,5 kgfm de torque. O bloco elétrico fica logo atrás do motor TFSI, no lugar do conversor de torque. Pode atingir até 100 km/h em modo exclusivamente elétrico. A uma velocidade constante de 60 km/h, o modelo percorre 3 km utilizando apenas as baterias de íons de lítio. Nas desacelerações, o sistema recupera energia para recarregar as baterias. O motorista pode acompanhar os detalhes das diferentes opções de utilização do motor por meio de indicadores no painel de instrumentos. O modelo tem previsão de chegada nos Estados Unidos no ano que vem.

BMW
# Série 7 ActiveHybrid – O primeiro modelo híbrido da marca alemã é baseado na Série 7 e equipado com o mesmo motor 4.4 V8 Twinturbo de 408 cv de potência. Aliado à unidade de combustão está um motor elétrico. Combinados rendem 465 cavalos de potência. A marca promete um consumo médio de 10,6 km/l. Chega ao Brasil nesse primeiro semestre.

Chevrolet
# Volt O primeiro veículo elétrico produzido em massa no mundo com autonomia estendida promete percorrer até 560 km. É alimentado por um sistema de propulsão batizado de Voltec, com um conjunto de baterias de íon-lítio de 16 kWh e uma unidade de tração elétrica que fornece autonomia elétrica pura entre 40 e 80 km. Um motor 1.4 a gasolina de 84 cv estende a autonomia até 500 km adicionais com um tanque cheio de combustível, acionando o sistema de tração elétrica até que o veículo seja conectado a uma fonte externa de eletricidade e recarregado ou reabastecido com energia. A unidade elétrica de tração, que oferece 150 cv, traciona as rodas do Volt continuamente.

Citroën
# C-Zero – É equipado com baterias de lítio capazes de fazer o motor elétrico traseiro gerar 64 cv e 18,3 kgfm de torque. Valores que levam o compacto a uma velocidade máxima de 130 km/h e o fazem chegar a 100 km/h, partindo da inércia, em 15,9 segundos. A autonomia máxima é de 150 km, mas a carga elétrica total que permite rodar essa quilometragem custa apenas 1,50 euro, o equivalente a R$ 3,47. A recarga pode ser feita em qualquer tomada de 220 volts.

Ford
# Fusion Hybrid – Já lançado no Brasil, o modelo se move graças a um motor elétrico de 107 cv e 23 kgfm, alimentado por uma bateria de níquel, aliado a uma unidade de força Duratec 2.5 16V de 158 cv. A bateria do Fusion Hybrid é recarregável pela própria ação energética do veículo, sem a necessidade de ligações externas, o que garante autonomia e flexibilidade de uso do sedã. É o chamado "full hybrid".

# Focus elétrico – Apresentado no Salão de Detroit, o modelo é o primeiro "zero emissões" da Ford. A promessa é um carro com 123 cv de potência e 25 kgfm de torque, capaz de chegar a 135 km/h. A vantagem é a tecnologia de eletrificação, que recarrega em um tempo 40% menor, e representa um custo menor em eletricidade.

Honda
# CR-ZEleito o Carro do Ano no Japão, o híbrido da fabricante nipônica conta com um motor a combustão 1.5 16V de 123 cv de potência e 17,7 kgfm de torque, que atua em conjunto com um propulsor elétrico de 14 cv e 8 kgfm. Segundo a Honda, o cupê é capaz de fazer uma média de consumo de 20 km/l e emite 117 gramas de CO2 por quilômetro rodado.

# InsightO sedã sai da inércia movido por uma unidade de força elétrica, que trabalha em conjunto com um propulsor 1.3 litro – juntos alcançam 113 cv de potência.

# FCX Clarity – Graças à célula de combustível e ao tanque de hidrogênio, o sedã da Honda gera sua própria eletricidade a bordo, que varia conforme as necessidades do motor. A célula de combustível é o lugar onde essa transformação acontece. É lá onde se combina o hidrogênio comprimido armazenado no tanque e o oxigênio que existe na atmosfera. Esses elementos passam para a célula de combustível e geram eletricidade de um lado e vapor de água de outro como a única forma de remoção de material. Ainda assim, o FCX conta com um sistema compacto de baterias de lítio, que podem ser carregadas com a força das frenagens. E sob determinadas condições de utilização, também servem para ajudar o veículo em situações de arrancadas e de baixa velocidade, para maximizar a produção de hidrogênio. Com 127 cv de potência, 435 km de autonomia e 160 km/h de velocidade máxima, o Clarity foi o primeiro automóvel no mundo certificado pelos principais órgãos de proteção ambiental dos Estados Unidos a ser fabricado e comercializado em larga escala.

Mercedes-Benz
# S400 Hybrid – Primeiro veículo híbrido comercializado no Brasil, o sedã alemão trabalha com um motor a combustão V6 de 279 cv. Entre o propulsor e a trasmissão foi instalado um pequeno motor elétrico com 20 cv, gerando a potência máxima combinada de 299 cv. O motor elétrico tem a função de motor de arranque e de auxiliar do propulsor a combustão nas acelerações, recarregando as baterias durante as frenagens. O S400 Hybrid usa bateria de ions de lítio, instalada no compartimento do motor.

Mitsubishi
# i-MiEV – O modelo japonês usa um propulsor elétrico de 67 cv e 18,3 kgfm de força constante, alimentado por baterías de íons de lítio alojadas sob o assoalho do carro. A recarga completa demora cerca de 6 horas em tomadas comuns. Um trunfo do pequeno elétrico é que 80% da carga é recuperada em 30 minutos no modo rápido. O i-MiEV já foi apresentado no ano passado ao então presidente Luis Inácio Lula da Silva. Cogita-se a possibilidade de ser produzido na fábrica da marca em Goiás.

Nissan
# Leaf – Nomeado como Carro Europeu de 2011, este hatch elétrico é equipado com um motor de corrente alternada, que traciona as rodas dianteiras e desenvolve cerca de 110 cv e bons 28,5 kgfm de torque. A autonomia máxima é de 160 km. A bateria do modelo pode ser totalmente recarregada em 8 horas. A Nissan não confirma, mas há estudos e negociações para o modelo ser produzido no Brasil.

Peugeot
# 3008 Hybrid – Mostrado no último Salão de Paris, o modelo é o primeiro "Full Hybrid Diesel" da Peugeot. O crossover trabalha com um motor 2.0 HDi FAP de 163 cv e 30,5 kgfm de torque, aliado a um propulsor elétrico de 37 cv e 20,3 kgfm de torque e baterias NI-HM colocadas na base do porta-malas. O motor elétrico, que move o eixo traseiro, é gerido eletronicamente, sem ligações mecânicas entre a frente e a traseira, o que permite mais liberdade na arquitetura do habitáculo, pela ausência de diferencial. Passível de ser utilizado em modo exclusivamente elétrico, a Peugeot anuncia 200 cv de potência máxima e 50,9 kgfm de torque, 26 km/l de consumo misto e emissões de CO2 de 99 g/km.

# BB1 – O pequeno conceito é 100% elétrico e comporta quatro pessoas. É capaz de se mover graças a dois motores elétricos, que geram 10 cv cada. Segundo a Peugeot, sua autonomia chega a 120 km. O modelo apareceu no Brasil no ano passado, durante o Michelin Challenge Bibendum, evento com foco na mobilidade sustentável realizado no Rio de Janeiro.

# iOn – De acordo com a marca francesa, a proposta do iOn é ser um modelo de transporte pessoal de fácil uso. As baterias são capazes de proporcionar até 150 km de autonomia e a recarga pode ser efetuada em até seis horas quando ligado a uma tomada comum de 110 v, ou em 15 minutos para 50% de carga, ou 30 minutos para 80% da carga máxima.

Porsche
# Cayenne S Hybrid – O primeiro carro híbrido de produção em série da marca conta com um V6 de 3.0 litros e 333 cv, aliado a uma unidade elétrica de 47 cv, somando 380 cv no total. A marca alemã promete um consumo de 12,2 km/l e emissões de CO2 de 193 g/km. Veio apenas como "visita" no Salão de São Paulo, em outubro passado.

Renault
# Fluence ZE – A versão "verde" do novo sedã global da marca é produzida na Turquia e se move graças a um motor elétrico de 95 cv, com torque máximo de 23,0 kgfm. A velocidade máxima é limitada eletronicamente em 135 km/h, enquanto a autonomia é de 160 km em ciclo misto. O Fluence ZE pode ser carregado de duas maneiras: carga comum e “quickdrop” – quando o condutor pode substituir a bateria descarregada por uma com carga total em apenas 3 minutos.

Toyota
# Prius – O híbrido mais vendido do mundo é movido por um bloco 1.8 a gasolina de 98 cv associado ao motor elétrico com mais 80 cv. A vantagem do Prius é que o condutor pode optar pelo uso exclusivo da eletricidade, da gasolina ou os dois combinados.

Volkswagen
# XL1 Da "espécie" plug-in híbrido, o conceito da marca alemã apresentado recentemente no Salão do Qatar é tracionado por um motor turbodiesel de dois cilindros com 0.8 litro, 48 cv de potência e 12,2 kgfm de torque. Ele trabalha em conjunto com um motor elétrico de 27 cv de potência e 10,2 kgfm de torque. A promessa é que o XL1 percorra até 110 km com um litro de diesel e tenha autonomia de 550 km.

Fonte: WebMotors

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